LUCIANA VASCONCELLOS - A ESCRITORA

     Não lembro ao certo quando interessantes pessoas começaram a surgir na minha imaginação. Contudo, lembro de começar a escrever suas histórias, conflitos e emoções aos onze anos. Inicialmente claro, enleada pela visão infantil, já esperada por alguém tão jovem. Porém, conforme crescia, elas tornavam-se ainda mais complexas e, consequentemente, ainda mais fascinantes. Houve uma época em que invadiam a minha mente bem na hora da aula, e eram tão fortes que eu largava o que estava fazendo, "corria" para a última matéria do caderno e discorria sobre eles com avidez. Todavia, como típica aquariana, logo largava aqueles personagens, lá pelas vinte ou trinta páginas e começava a dissertar sobre outros homens, mulheres, lugares e sentimentos.
     Foi aos trinta e um que, como mágica, uma maravilhosa história desenhou-se diante de mim. Tudo começou como o esboço de um diário, mas logo ganhou emoções mais sôfregas, minha respiração ficara ofegante e era como se eu deslumbrasse o lugar e a mulher: Rebeca. Com sua busca, suas dúvidas, sua fé, sua paixão, surpresas e descobertas. Eu ainda não sabia mas alí, na minuscula sala de trabalho, com algumas simples folhas de papel nas mãos e uma caneta, nascia MAKA MAPIYA. Quando terminei, estava exausta. Havia escrito todo o primeiro capítulo do livro. O li mais de uma vez satisfeita. A história desenrolava-se em minha mente com uma naturalidade espantosa; às vezes, quase não conseguia acompanhar na escrita o que o raciocínio ditava. Perguntei-me, por muitas vezes, o porque de tão grandiosa dádiva pois, MAKA MAPIYA é um verdadeiro presente.
     Os personagens tinham vida própria. Muitas foram as vezes que queria fazê-los tomar determinada decisão, fazer determinada coisa e não conseguia. Parece irônico, mas a inspiração para escrever o que eu achava que eles deveriam fazer não vinha, mas quando eu limpava a mente e deixava que a história se desenrolasse ela fluia, como uma fonte abundante, cheia de detalhes e rica de emoções. Mesmo quando escrevia o fim da história, eu não o sabia. Apenas no último capítulo, lá pelo segundo parágrafo, entendi  que aquela história que me acompanhara durante três meses (foi rápido, assim mesmo), chegava ao fim. E sinceramente, foi lindo!
     Li, reli e tornei a ler o livro várias vezes e, em todas elas eu agradeço a generosidade dos Deuses, que me inspiraram.
     Fiquei sentindo-me vazia, por mais ou menos uma semana ou quinze dias. Como uma mulher grávida que, ao dar a luz sente a ausência do barrigão e precisa se readaptar.
     Mandei cópias dos originais para editoras, mas todos sabem que o processo comercial é lento e enfadonho e, como mãe orgulhosa do filho, decidi colocá-lo a venda no Clube de Escritores para quem quizer conhecer Rebeca e mergulhar no seu mundo de magia, amor e paixão (além de Wakanda, Heitor e Filipe).

     
        A baixo um trechinho do livro para vocês...

M
eu coração estava aos saltos, esperara dez anos até me decidir e, achar que estava verdadeiramente pronta; que aquele compromisso era, de fato, o que eu queria para a minha vida. Tinha consciência do que iria fazer. Escolhera minuciosamente, antes de comprar, ou mandara confeccionar cada um dos objetos necessários para aquele dia. Escolhera a data com extremo cuidado e imaginara aquele momento tantas vezes que, agora que ele havia chegado, estava ansiosa.
Por entre as árvores conseguia enxergar as luzes do chalé ao longe, mas nada que pudesse ofuscar o brilho daquela maravilhosa lua cheia. Toda a clareira estava iluminada pelo luar e, apenas os ruídos noturnos se faziam ouvir. Já havia preparado o lugar; mais cedo varrera tudo e juntara a madeira, formando a fogueira, no centro da clareira. Agora, no entanto, o lugar se transformara; a luz do sol se fora e, o medo, que sabia poderia sentir, era maior do que o que eu imaginara. Decidi iniciar o ritual antes que o medo me tomasse por completo e eu desistisse.
Depositei a sacola, que trazia os paramentos, no chão e, o lampião um pouco mais adiante. Acendi a fogueira com facilidade, afinal, era primavera. Tudo se colorira com as cores do fogo e, a luminosidade crescera, contudo, as sombras das árvores se projetavam ameaçadoras.
_ Preciso controlar o medo. _ Afirmei para mim mesma. Despi-me da blusa e da calça jeans, sentindo o frio do vento em meu corpo, respirei lenta e profundamente, sorvendo para dentro dos meus pulmões a vida e a magia daquele lugar. Peguei o vestido de dentro da sacola e me vesti, achando difícil apenas o fechamento do zíper. Lembrei que pensei em por cordonetes para o fechamento do vestido, e assim, seguir a riscar o modelo medieval, que havia escolhido; porém, estava feliz por ter mudado de idéia e, feito a adaptação com o zíper, pois seria impossível fazer a amarração do laço sozinha. _ Vamos lá... _ Falei para mim mesma, colocando-me ereta.
Peguei a vassoura ritualística e comecei a varrer, sem que tocasse no solo, afinal sua função era a limpeza das energias indesejadas. Em voz moderada e firme, fui dizendo:
_ Eis que aqui, diante dos habitantes invisíveis desta floresta, inicia-se um sagrado ritual. Em nome da Deusa Mãe e do Deus Pai, eu limpo de todas as energias negativas esta clareira. Que não tenham forças para me impedir de fazer, o que desde o início estava escrito. E desde já, com a autoridade de quem tem a proteção da Grande Mãe, eu declaro limpo este lugar.
Enquanto dizia isso, o medo foi me abandonando. Da sacola, tirei cinco castiçais pequenos, as velas: azul, verde, amarela, vermelha e branca, peguei também a bússola e, de acordo com os pontos cardeais, iniciei a execução do círculo mágico de proteção. Ao norte, representando os elementais da terra coloquei a vela verde; ao leste, representando os elementais do ar, a vela amarela; ao sul, representando os elementais do fogo, a vela vermelha e a oeste representando os elementais da água, depositei a vela azul. A vela branca, que me representava, coloquei próxima a vela amarela. Então, tirei de dentro da sacola a minha varinha de poder, voltei-me para o norte, e com o braço que a empunhava estendido diante do corpo, em sentido horário, comecei a formar o círculo de poder. Visualizei a energia de uma forte luz branca, que o formava no astral; enfim, cheguei novamente ao norte, onde havia iniciado e, desta maneira, fechando o círculo. Com um saquinho de tecido, cheio de pétalas de rosas brancas, andei em volta do círculo, atirando as pétalas no chão, e consagrando-o as divindades primaveris.
Dentro do círculo, de mais ou menos dois metros de circunferência, estavam a fogueira, a sacola contendo o restante dos paramentos e eu mesma. Retirei da sacola, meu microsystem a pilhas e o liguei. Havia feito uma seleção de música newage, que sempre me deixava relaxada e inspirada. Peguei uma toalha branca, forrei no chão, ao norte e montei um pequeno altar. Dispus sobre a toalha o caldeirão de ferro; o cálice, que logo enchi com água mineral; o sino; os castiçais com as velas que representavam a Deusa, o Deus e o meu anjo de guarda; o incensário com incensos de rosas e jasmim; a pena de águia; um lindo cristal; o pentagrama; o prato de sal e, por fim, o meu livro das sombras. Então, pus o cinto na altura dos quadris e o meu athame de lâmina flamígera na bainha. Coloquei-me ereta, voltada para o norte e com autoridade comecei:
_ Regentes do Norte, Gênio do elemento terra, eu invoco vossas forças e o convido a tomar parte desse círculo de poder. _ Fixei o olhar na vela verde e imaginei uma luminescência da mesma cor crescer e se expandir, tomando conta da parte do círculo que compreendia o norte. Neste momento, com surpresa e temor senti a presença dos guardiões do norte. Voltei-me para o Leste e disse: _ Regentes do Leste, Gênio do elemento ar, eu invoco vossas forças e o convido a tomar parte desse círculo de poder. _ Fixei o olhar na vela amarela e imaginei uma luz dourada crescer e se estender, tomando conta da parte do círculo que compreendia o leste. Neste momento, percebi que os regentes do Leste aproximavam-se. Respirei fundo, tentando controlar a emoção e continuei, voltando-me para o Sul: _ Regentes do Sul, Gênio do elemento fogo, eu invoco vossas forças e o convido a tomar parte desse círculo de poder. _ Fixei o olhar na vela vermelha e imaginei uma luminescência rubra crescer e se expandir, tomando conta da parte do círculo que compreendia o Sul. Neste momento, percebi que os regentes do Sul faziam-se presente. Virei-me para o Oeste, então e disse: Regentes do Oeste, Gênio do elemento água, eu invoco vossas forças e o convido a tomar parte desse círculo de poder. _ Fixei o olhar na vela azul e imaginei uma luz da mesma cor crescer e se ampliar, tomando conta da parte do círculo que compreendia o leste. Neste momento, percebi que os regentes do Oeste apresentavam-se.
Olhei em torno de mim maravilhada, agradecia aos Deuses por ter acreditado no caminho, por ter aceitado e estar ali, vendo todos aqueles seres, que atualmente, fazem parte de lendas e são desacreditados. Eles também pareciam felizes. Depositei a minha varinha sobre o altar improvisado e me ergui. Levantei as mãos para o alto e pedi:
_ Meu doce e caríssimo amigo, a ti foi dada a missão de proteger-me, guiar-me, iluminar-me, conduzir-me ao caminho de luz; aquele que leva-me a seguir o que os grandes Mestres e iniciados vieram anunciar. Sempre foste fiel e, ergueste a tua espada para lutar em meu favor, bem como usasse teu escudo para proteger-me quando se fez necessário. Hoje é o dia em que decidi dizer o meu Sim e, quero que tu sejas testemunha e comungue comigo deste dia de alegria.
Uma ofuscante luz surgiu, e senti que ele estava feliz. Compartilhava da minha alegria, pois sabia que vinha cumprindo a sua missão com êxito. Sabia quantas vezes pensei em desistir daquele caminho, que exigia dedicação, resignação, paciência, persistência e a cima de tudo fé. Porém ali estava eu, assumindo um compromisso com a Divindade, com o meu íntimo, para a glória de Deus e salvação da minha alma.
Fui até o altar e acendi as velas que faltavam, já havia acendido a vela que representava o anjo da guarda e agora, acendia a que representava a Deusa e o Deus.
Virei-me novamente para o Norte, ergui as mãos e fechei os olhos e, com os pés nus, sentia a terra, que generosa alimentava seus filhos; o vento brincando com meus cabelos, acariciando a minha face; o calor do fogo que, crepitava na fogueira; senti o cheiro das árvores que erguiam-se a minha volta. Abri os olhos, ali, naquela mata seus habitantes repousavam ou caçavam seu alimento, naquele mesmo instante. Senti-me imensamente feliz e grata, por fazer parte de toda aquela beleza, de toda a vida que, a cada dia se transforma e se renova, pondo o mundo em um estranho equilíbrio. Senti os seres que ali habitavam, mas que apenas se mostravam para quem confiavam plenamente. Os mesmos que os céticos chamam de lenda; contudo, não importava se acreditavam, ou não neles, eles existiam e estavam presente. Senti uma imensa paz me invadir. Olhei a lua imensa, em um céu sem nuvens.
_ Grande Deusa, eis-me aqui, enfim. Por vontade te busco, porque sei que esta não é a primeira vez que te sirvo. Volto para Ti, Grande Mãe e, em nome do que é sagrado eu Te chamo. Invoco-te: Isis, Réia, Vênus, Virgem Maria, não importa o nome que a Ti foi dado, porque sempre foste amor. Sempre foste aquela que carrega em seu regaço, o filho bem amado, e o conduz com força e sabedoria pelo caminho que precisa seguir, para cumprir a sua missão. Te invoco pois, contigo quero aprender os mistérios dos tempos, do amor, da vida. Ensina-me a sabedoria do mundo, para que eu possa usá-la em prol da felicidade, dos que amo e dos que necessitam. Vinde grandiosa Deusa.
   Uma força implacável aproximou-se, fiquei ofegante, o ar parecia rarefeito e, pude sentir os meus shakaras girando com violência. Coloquei a mão espalmada sobre o umbigo, tentando conter ou amenizar o efeito causado pelo movimento do shakara. Senti-me tonta e, por um momento, achei que fosse desmaiar. Fechei os olhos e uma luz tomou conta de tudo. Já não era mais a minha imaginação criadora, era algo maior. Com uma mão protegendo os olhos, cautelosamente abri um pouco os olhos e, lá estava Ela. Era uma forma feminina sim, mas...

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